O projeto ‘Greenhouse’ – estufa, na tradução do inglês – visou criar um “jardim crioulo” dentro do Palazzo Franchetti, que incluiu uma instalação sonora, esculturas, e uma programação de dança, oficinas, leituras e eventos participativos.
Esta representação oficial portuguesa esteve a cargo das artistas Mónica de Miranda, Sónia Vaz Borges e Vânia Gala, que levaram a Veneza um projeto centrado em noções de identidade, cultura, nação e pertença.
‘Greenhouse’ conceptualizou “uma alternativa de construção identitária que coloca no seu centro as intersecções entre ecologia, arte e política trazendo discussões internacionais para um pavilhão nacional”, recordou a DGArtes em comunicado.
“Profissionais da área, estudantes e investigadores, famílias e público em geral, vindos de todo o mundo, compõem o conjunto de 83.800 visitantes que viram a exposição [no Pavilhão de Portugal] em Veneza. Para além desta notável e histórica afluência foram também muitos os testemunhos deixados sobre o projeto que foi concebido pela primeira vez por três mulheres artistas, com base nas suas diferentes formações — artes visuais, história e coreografia”, sublinhou ainda a DGArtes, responsável pela representação portuguesa.
O programa público do projeto – cujo catálogo foi lançado na última semana, em Veneza – reuniu curadores, artistas e investigadores convidados de Angola, Estados Unidos, República do Benim, Brasil, Cabo Verde, Chile, França, Nigéria e Arábia Saudita.
Numa edição da Skira, o catálogo será ainda lançado em Portugal no Cinema Batalha, no Porto, a 10 de dezembro.
Sob o tema ‘Estrangeiros por toda a parte’, com curadoria do brasileiro Adriano Pedrosa, a 60.ª Bienal de Arte de Veneza dedicada à arte contemporânea abriu ao público a 20 de abril e encerrou com 700 mil visitantes, o segundo maior número até hoje.
Este número foi apenas ultrapassado no ano 2022, com 800 mil visitantes, indica a DGArtes, referindo ainda que a maioria dos visitantes, 59%, foram estrangeiros, e os restantes, 41%, italianos. Cerca de um terço do total de visitantes foram jovens com menos de 26 anos.
Na cerimónia de encerramento, o curador Adriano Pedrosa sublinhou a importância da visibilidade dada a artistas do Sul Global, indígenas, queer e autodidatas, além de figuras do século XX provenientes de África, Ásia e América Latina.
A exposição contou com 331 artistas, dois projetos curatoriais especiais — incluindo um dedicado a Beatriz Milhazes em colaboração com o Victoria & Albert Museum -, e 86 participações nacionais, com destaque para as estreias de Benim, Etiópia, Tanzânia e Timor-Leste.
Timor-Leste participou pela primeira vez na Bienal de Arte de Veneza com um projeto da artista timorense Maria madeira, com uma exposição sobre a luta das mulheres timorenses pela independência.
Os prémios atribuídos incluíram os Leões de Ouro de Carreira a Anna Maria Maiolino e Nil Yalter, o Leão de Ouro para a melhor participação nacional à Austrália e o Leão de Ouro para Melhor Participante ao Coletivo Mataaho.
O Leão de Prata foi concedido a Karimah Ashadu, com menções especiais a Samia Halaby, La Chola Poblete e ao Pavilhão Nacional do Kosovo.