
A responsabilidade afetiva não é algo fácil de colocar em prática, especialmente num mundo tão dinâmico e repleto de desafios emocionais. Na minha experiência, compreendi que ser responsável afetivamente não é só agir com empatia, mas também reconhecer as próprias limitações e ser transparente nos sentimentos.
É certo que em qualquer tipo de envolvimento há expectativas, carências emocionais e todas as qualidades e frustrações que carregamos ao longo da vida. Nada disso justifica que descontemos a parte má no outro. Até porque, numa relação — seja de que natureza for — todas as pessoas envolvidas têm a sua parte de responsabilidade.
Nos dias de hoje, em que as relações humanas se tornaram muitas vezes mais rápidas e, por vezes, superficiais, a responsabilidade afetiva torna-se urgente para que as interações entre as pessoas sejam mais genuínas e saudáveis.
Em primeiro lugar, quando falamos de responsabilidade afetiva, é importante entender que ela envolve, acima de tudo, um “respeito profundo pelas emoções e limites do outro”. Quando nos envolvemos com alguém – seja numa amizade, num relacionamento amoroso ou até mesmo no ambiente de trabalho – temos a responsabilidade de cuidar dos sentimentos dessa pessoa. Isto não significa que devemos ser perfeitos ou nunca falhar, mas sim que temos o dever de tentar agir de forma a não causar dor desnecessária.
Já vivi situações em que, sem querer, fui insensível em algumas relações. Percebi que, muitas vezes, isso não acontecia por maldade, mas pela falta de atenção ao outro, pela ausência de um diálogo sincero ou até mesmo pela pressa em “resolver” os problemas, em vez de realmente escutar e tentar entender o que a outra pessoa estava a viver. Foi nesses momentos que me apercebi de que a responsabilidade afetiva começa com o autoconhecimento. Só podemos ser verdadeiramente responsáveis pelos sentimentos do outro quando entendemos as nossas próprias emoções e somos capazes de as comunicar de forma clara e honesta.
Ao longo do tempo, aprendi que, muitas vezes, é necessário esforçar-nos para ser mais presentes e atentos nas relações. Isso envolve algo simples, mas que tantas vezes é esquecido: dar tempo e espaço para que o outro possa expressar as suas emoções, sem pressa de “consertar” ou minimizar o que ele está a sentir. Acredito que isso é essencial para que uma relação – seja ela de amizade, amorosa ou profissional – se desenvolva de forma equilibrada e saudável.
Contudo, ser responsável afetivamente não significa aceitar tudo passivamente ou carregar as emoções do outro como se fossem nossas. O respeito deve ser sempre mútuo. Quando falamos de limites, falamos também sobre a necessidade de estabelecer aquilo que é saudável para ambas as partes. E, por mais difícil que seja, por vezes a melhor forma de cuidar de alguém é também saber quando é necessário dar espaço ou até mesmo terminar uma relação que já não é mais saudável.
A responsabilidade afetiva é o compromisso de olhar para o outro com empatia, sem pressa de julgar ou minimizar o que ele sente. É também sobre ser honesto consigo mesmo, reconhecer os seus próprios limites e necessidades e respeitar os limites do outro.
Acho que precisamos de refletir mais sobre esta questão, somos demasiado egoístas enquanto seres humanos, tendemos a colocar as nossas vontades e necessidades à frente de qualquer coisa e, não pensamos se estamos a magoar a outra pessoa. É algo tão “simples” como calçar o sapatinho do outro.