O caso Galamba, Tutti Frutti e populismos: Os tópicos do debate com Costa

O primeiro-ministro foi, na quarta-feira, à Assembleia da República, onde respondeu às questões dos deputados sobre a atualidade do país.
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O primeiro-ministro esteve, na quarta-feira, no Parlamento, onde protagonizou mais uma edição de um debate sobre política geral. Por lá, respondeu às diferentes questões e desafios que os deputados, tanto da Direita como da Esquerda, lhe foram lançando.

A polémica em torno da atuação do SIS na recuperação do computador de Frederico Pinheiro, ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, marcou o dia, mas António Costa também falou sobre o panorama económico nacional e as polémicas em torno do alegado envolvimento dos ministros das Finanças e do Ambiente na Operação ‘Tutti Frutti’.

O fim do debate ficou ainda marcado pelo chumbo dos requerimentos para ouvir o primeiro-ministro no âmbito da comissão parlamentar de inquérito (CPI) à TAP. Durante o debate, o coordenador do PS, Bruno Aragão, disse que os socialistas “naturalmente não iriam acompanhar” estes requerimentos “considerando que nenhum deles cabe no objeto desta comissão”.

SIS atuou legalmente, Costa não soube previamente e não informou Marcelo

António Costa começou o debate por reafirmar a sua crença de que o SIS trabalhou dentro da legalidade na recuperação do computador do ex-adjunto de João Galamba. “Nenhum membro do Governo, direta ou indiretamente, deu qualquer instrução, ordem ou orientação ao SIS para proceder a essa ação”, acrescentou ainda, respondendo à líder do Bloco de Esquerda.

“O meu entendimento é que os serviços agiram corretamente para prevenir um risco para a segurança nacional. Não desenvolveram nenhuma atividade policial, ligaram para um número conhecido, para uma pessoa que atendeu livremente”, disse ainda Costa, defendendo que o SIS “fez bem em recuperar um computador que tinha documentos classificados”.

Já em resposta ao líder parlamentar do PSD, o chefe do Governo deixou um desafio, ainda sobre a sua posição perante a atuação das ‘secretas’: “Se não estiver de acordo apresente uma moção de censura para me demitir de primeiro-ministro.”

A Miranda Sarmento (e, mais tarde, a André Ventura), Costa admitiu que falou com o ministro das Infraestruturas, mas só após a atuação do SIS. Falou, também, com outros ministros com o Presidente da República, mas da conversa com Marcelo Rebelo de Sousa, alegou, não terá constado a polémica com a intervenção na recuperação do computador.

Tutti Frutii? Ministros são para ficar

O primeiro-ministro foi, ainda, questionado sobre a polémica que envolve os ministros do Ambiente e das Finanças, que serão, alegadamente, visados na operação ‘Tutti Frutti’. “Obviamente, mantenho toda a confiança política e tenho a maior consideração pela idoneidade do doutor Fernando Medina e do doutor Duarte Cordeiro”, disse Costa, respondendo a André Ventura, do Chega.

Sobre os pedidos de demissão destes ministros feitos por Ventura, o primeiro-ministro gracejou: “Não há debate em que o senhor deputado não peça a demissão de um membro do Governo. Por si todos os membros do governo já estavam demitidos. O que, aliás, muito nos honra da sua parte.”

Gancho direito à procura do K.O. de Montenegro

António Costa aproveitou ainda o debate para atirar farpas na direção da Direita, principalmente do PSD e do seu líder, para quem “cada dia em que a vida dos portugueses melhorar” é um dia em que “terá maiores dificuldades em derrubar este Governo e em substituir o PS na governação do país”.

Escolha de palavras nada inocente, tomando em conta que Luís Montenegro afirmou, nas jornadas parlamentares do PSD na Madeira, na terça-feira, que “o poder não é eterno” e que os governantes socialistas “já tiveram a sua oportunidade e desperdiçaram-na”.

Populismo é como um vírus, diz primeiro-ministro

O debate ficou ainda marcado por uma caricata sugestão de António Costa ao deputado único do Livre. Comparando o populismo a um vírus que se “transmite pela palavra e contamina o vocabulário”, o chefe do Governo sugeriu a Rui Tavares que se “vacine, rapidamente”.

As palavras duras seguiram-se às críticas do deputado do Livre à atuação do Governo, acusando “o rolo compressor” de ter sido “ligado a grande velocidade”. “Para evitar que o país e a política se transforme num lamaçal“, todos têm “um papel a desempenhar”, argumentou Rui Tavares, espoletando um pedido de “muita cautela” do primeiro-ministro.

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