Economia portuguesa é das que mais recursos consome na orla mediterrânica

A economia portuguesa é a que mais recursos naturais consome na orla mediterrânica, acima da média europeia e muito mais do que Espanha, indicam dados estatísticos hoje divulgados.
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Para assinalar o Dia Mundial do Ambiente, a Pordata, a base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, em colaboração com a Agência Portuguesa do Ambiente, fez um retrato da evolução do país em diversas questões ambientais, da água, aos resíduos ou ao consumo energético.

Esse retrato mostra que o Consumo Interno de Materiais em Portugal (a quantidade de recursos naturais consumidos por uma economia, bem como a produtividade desses materiais em termos de PIB) é dos maiores da União Europeia (UE).

Em 2021 Portugal consumiu cerca de 174 milhões de toneladas de materiais (segundo o Eurostat, o INE indica 163,9 milhões), o equivalente a 16,9 toneladas por habitante, quando o valor da média europeia não vai além das 14,1 toneladas por habitante. Esse número, indica a Pordata, é 86% superior ao consumo de materiais de Espanha, de 9,1 toneladas por habitante.

A Pordata explica que os minerais não metálicos, muito usados na construção, são os mais consumidos em Portugal, representando 63% do total em 2021.

“Em Portugal, o consumo interno de materiais aumentou 65% entre 1995 e 2008, ano em que atingiu o seu valor máximo com 242 milhões de toneladas. A trajetória posterior foi de forte redução durante o período da crise económica, tendo-se seguido uma quase estabilização em torno de 164 milhões de toneladas”, explica a análise, a que a Lusa teve acesso.

De acordo com os números, no balanço entre crescimento económico e consumo de materiais, Portugal atingiu em 2013 uma melhoria de 23% na produtividade dos recursos (quociente entre o PIB e o Consumo Interno de Materiais), face a 1995.

Desde então, apesar de manter sempre a produtividade acima de 1995, nunca mais atingiu o mesmo valor. Em 2021 foi de 14%.

Na área dos resíduos os números mostram que em 2020 cada pessoa produziu em média 1,4 quilos de lixo por dia. Desde 1995 que a produção de resíduos “per capita” tem aumentado, um aumento que desde então foi de 46%, quando a média europeia não passou dos 12%.

Outro fator negativo é o da deposição de resíduos em aterro, metade dos resíduos portugueses tiveram esse destino em 2021, o dobro da média europeia (23%).

A Pordata nota que o ponto de partida de Portugal foi diferente, porque em 1995 cerca de 90% dos resíduos urbanos em Portugal iam para aterro, contra 65% da média europeia.

Um ponto de partida também diferente na reciclagem. No mesmo ano de 1995 Portugal reciclava 1% e a média europeia já era de 12%. Assim, em 2021, o principal destino dos resíduos urbanos na UE era a reciclagem (30%) mas em Portugal atingia-se apenas os 13%.

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