Donald Trump foi reeleito presidente dos Estados Unidos nas eleições de 2024, após ter perdido para Joe Biden em 2020. A sua vitória foi recebida com entusiasmo pelos seus apoiantes, mas também gerou protestos noutros setores da sociedade americana, que temem o retorno de um estilo de liderança polarizador e de políticas controversas.
O surpreendente retorno de Trump ao poder pode ser interpretado como uma vitória do populismo de direita, um movimento que se tem consolidado em várias partes do mundo, incluindo a América Latina, a Europa e até a Ásia. No caso dos Estados Unidos, o ex-presidente conseguiu, mais uma vez, capitalizar a insatisfação de uma parte significativa da população com a classe política tradicional, os media e as elites culturais. A sua campanha foi centrada em temas que ressoam profundamente entre os eleitores que se sentem desiludidos com o status quo, como a imigração, o nacionalismo económico e a crítica ao que ele chama de “globalismo”.
Trump manteve o seu discurso polarizador e de confronto direto, voltando a utilizar as suas habilidades de comunicação para mobilizar os seus apoiantes através de comícios e redes sociais, onde o seu estilo de retórica provocativa continua a ser uma ferramenta eficaz. A promessa de “voltar a tornar a América grande” e de restaurar a “soberania nacional” foi, mais uma vez, um dos pilares da sua candidatura.
Com sua reeleição, Trump tem a oportunidade de implementar as suas políticas de forma mais assertiva, sem a limitação de um segundo mandato eleitoral. Espera-se que ele volte a priorizar o isolamento económico, com políticas protecionistas que procurem reduzir a dependência dos EUA em relação ao comércio internacional, bem como renegociar acordos comerciais que, na sua visão, não beneficiam suficientemente o país. Além disso, questões como o controle da imigração, a revogação de leis ambientais que ele considera prejudiciais ao setor industrial e a continuação do endurecimento das políticas de segurança interna serão, provavelmente, destacadas na sua agenda.
Divisão Nacional: O Crescimento das Tensões
A questão racial, a luta pelos direitos das mulheres, a mudança climática, o acesso ao sistema de saúde e a reforma policial são apenas alguns dos temas que provavelmente se tornarão pontos de tensão. Além disso, as questões democráticas fundamentais, como a confiança nas instituições eleitorais e o papel dos media, continuarão a ser um campo de batalha ideológico.
Com Trump no comando, as relações com potências como China e Rússia podem tornar-se ainda mais tensas, especialmente à medida que ele continua a pressionar por uma política externa mais assertiva e unilateral. No entanto, a sua abordagem pragmática e a sua capacidade de estabelecer acordos comerciais podem também levar a negociações que procurem maximizar os interesses económicos dos EUA.
Com um segundo mandato, Trump tem a oportunidade de concretizar a sua visão de uma América mais isolada, mais protecionista e mais nacionalista. Mas, ao mesmo tempo, ele terá de enfrentar a oposição crescente de setores da sociedade que se preocupam com as implicações sociais, económicas e políticas do seu governo. O futuro dos Estados Unidos sob a liderança de Trump será marcado por tensões, desafios e um debate contínuo sobre o que realmente significa ser americano no século XXI.
Mariana Neto – Licenciada em Comunicação Social – Comunidade Lusa