Nas malas dessas pessoas, “nós encontramos em média 125 pacotes de cigarro, o que corresponde a cerca de 25.000 unidades de cigarro”, conta Donatella Del Vecchio, porta-voz do Departamento Federal de Alfândega e Segurança de Fronteiras (OFDF, na sigla em francês), à emissora suíça de língua francesa, a RTS. “Nesses casos, podemos afirmar que elas eram ‘mulas’. Elas chegam principalmente da Turquia, da República Democrática do Congo, do Egito e da Bulgária”.
Esses são países onde os produtos com tabaco são mais baratos do que na Europa ocidental. Ainda de acordo com o OFDF, as pessoas presas pretendiam chegar até a França, onde o maço de cigarro custa 11 euros.
“Essas pessoas retornam então à França para praticar a venda ilegal, seja para amigos ou para uma rede clandestina”, explica Rayne à RTS. “Por enquanto, trata-se de um tráfico ‘de formiga’, um fluxo regular de pequenas quantidades. Não houve apreensões de quantidades excepcionais”.
O contrabando de cigarros em uma escala quase industrial está sobretudo nas mãos do crime organizado, que move toneladas de tabaco. Bruno Rayne explica: “Existem cigarros oficiais sendo contrabandeados, geralmente eles são produzidos em excesso e recolhidos pelos criminosos em fábricas oficiais no Leste Europeu, principalmente na Bulgária, Polônia, Romênia e Moldávia. E existem também cigarros falsificados produzidos em fábricas clandestinas, particularmente na Bélgica e nos Países Baixos”.
Essas diferentes organizações criminosas costumam usar as principais rodovias para transportar sua mercadoria. E quando a alfândega as intercepta, as apreensões são gigantescas.
“No início do ano, interceptamos um caminhão perto de Bourg-en-Bresse [na França] que transportava seis toneladas de tabaco, além de todos os componentes de uma fábrica clandestina, prontos para serem montados para produzir cigarros falsificados”, lembra Bruno Rayne.
Esse é o método mais utilizado atualmente pelos criminosos: produzir localmente para ficar mais perto do cliente final. “Essa tendência começou durante a pandemia da Covid-19 como resultado das restrições de viagem e ganhou força após a invasão russa da Ucrânia”, explica Daniel Brombacher, diretor de um novo observatório europeu sobre o crime organizado (GI-TOC). “A Ucrânia e a Bielorrússia costumavam ser os principais fornecedores de cigarros contrabandeados. Como esse não é mais o caso, o produto teve que ser levado para mais perto dos clientes europeus”.
Até o momento, nenhuma fábrica clandestina foi descoberta na Suíça. Não há nenhuma evidência de que os criminosos estejam usando as rodovias do país para chegar à França ou a outros países. Dada a localização geográfica da Suíça, no entanto, a possibilidade não pode ser descartada.