Foi sofrer até vencer. Foi esta a receita com que o Benfica conseguiu sair do Mónaco com uma vitória (3-2) que teve de tudo e que representou o regresso aos triunfos na Liga dos Campeões. Perante um AS Monaco que ainda não havia perdido na competição, as águias de Bruno Lage estiveram por duas vezes em desvantagem no marcador, mas acabariam por assinar uma reviravolta épica que deixa o apuramento bem vivo.
O golo madrugador de Ben Seghir, aos 13 minutos, elevou o nível de dificuldade no Principado, mas uma segunda parte ‘louca’ acabaria por deixar o conjunto português a sorrir.
Pavlidis, após o intervalo, restabeleceu a igualdade no Stade Louis II, mas Magassa voltaria a adiantar o AS Monaco aos 67 minutos, numa altura em que o conjunto francês já estava em desvantagem numérica, por conta da expulsão de Singo, por acumulação de cartões amarelos.
Quando o Benfica parecia ‘condenado’ a mais uma derrota na Champions, a terceira consecutiva, a dupla formada por Amdouni e Arthur Cabral emergiu para dar a volta o texto. O avançado brasileiro empatou de cabeça e o suíço ‘virou’ o resultado no Mónaco, com Di María a assistir de forma direta para ambos os tentos.
As águias prosseguem, assim, na corrida por um lugar no playoff, pelo menos, mas o calendário que se segue será tudo menos fácil. O Bologna, o primeiro do trio, até pode nem oferecer grandes barreiras, mas Barcelona e Juventus prometem ser autênticos ‘quebra-cabeças’.
A figura
Ángel Di María vive um momento de grande fulgor no Benfica e ontem voltou a demonstrá-lo no Mónaco. O craque argentino de 36 anos, que havia assinado um hattrick no jogo anterior, ante o Estrela da Amadora, revelou-se novamente decisivo, sendo a principal fonte de perigo do ataque encarnado.
Depois de ter visto o árbitro ‘negar-lhe’ uma assistência para Alexander Bah, Di María colocou a fé toda nos cruzamentos para Amdouni e Arthur Cabral. O craque argentino passou a somar 41 assistências em jogos de Champions e ultrapassou Messi, ficando a apenas um passe para golo de igualar Cristiano Ronaldo no topo.
É caso para dizer que Di María ‘virou’ príncipe do Mónaco por uma noite.
A surpresa
Este papel teria de ser dividido por Amdouni e Arthur Cabral, mas o nosso destaque recairá sobre o helvético, por conta do estatuto de suplente de luxo que já adquiriu na Luz.
Amdouni marcou o quarto golo ao serviço do Benfica e todos eles foram obtidos sempre que foi lançado a partir do banco de suplentes. Ontem fez a estreia a marcar na Champions e logo a decidir. Memorável.
A desilusão
Orkun Kokçu vive neste vaivém exibicional e foi uma das unidades com pior rendimento no Mónaco. O médio turco pareceu sempre algo perdido no jogo e raramente conseguiu ser assertivo na hora de organizar o ataque.
Os treinadores
Adi Hutter
O treinador austríaco já havia derrotado Bruno Lage aquando esteve no comando técnico do Eintracht Frankfurt e voltou a revelar-se um adversário de alto calibre. Este Monaco não tem grandes estrelas, mas torna-se muito forte em termos coletivos, perdendo algum gás, de forma natural, após ficar reduzido a 10 unidades.
Bruno Lage
O treinador do Benfica voltou ao onze base, mas no momento em que ficou em vantagem numérica abdicou de Florentino Luís, deixando o meio-campo entregue a Kokçu e Aursnes. As águias pareceram algo perdidas a partir desse momento, mas os dividendos da aposta arriscada acabariam por chegar. Valeu por ir atrás da vitória.
O árbitro
O esloveno Rade Obrenovic esteve em foco na primeira parte por um critério disciplinar algo confuso e que deixou os jogadores do AS Monaco à beira de um ataque de nervos. Na segunda parte não teve problemas em expulsar Singo e nos golos anulados esperou sempre pelo veredicto do VAR.