Os dados hoje avançados à agência Lusa indicam que aquela área inclui as principais ocorrências de fogos rurais, em diferentes pontos do território, de terça a quinta-feira, não abrangendo ignições de menor dimensão.
Há registo de algumas casas devolutas e anexos agrícolas consumidos pelas chamas, decorrendo nesta fase o levantamento dos prejuízos. Nenhuma casa de primeira habitação foi afetada, segundo a fonte.
Nos três dias, os dois principais incêndios que concentraram as atenções dos meios de combate afetaram duas zonas opostas geograficamente. A primeira, declarada a meio da manhã de terça-feira, a Poente, em torno de Vila Meã, compreendendo sobretudo as freguesias de Travanca, Mancelos e Oliveira, com elevada densidade populacional e unidades fabris. Ali arderam sobretudo vastas áreas de mata e algumas zonas agrícolas.
Nesse território, de grande declive, devido aos ventos fortes, de Leste – segundo a proteção civil local os mais perigosos – ocorreram situações de casas e empresas ameaçadas pelo fogo, obrigando a posicionar os meios na defesa desses bens. Junto às zonas industriais, houve fábricas na iminência de serem tomadas pelas chamas, de acordo com relatos no local.
A segunda zona afetada foi em torno das freguesias a sul do concelho, numa das encostas da serra da Aboboreira (paisagem protegida), na patilha com o Marão, um território mais rural do que o de Vila Meã.
Carvalho de Rei, Carneiro, Bustelo, Gouveia e S. Simão foram as localidades de montanha mais afetadas, a partir da madrugada de terça-feira, quando foi declarada a ocorrência, com vastas áreas ardidas de mato e floresta. Também ali, face a projeções de chamas com centenas de metros provocadas pelo vento, ocorreram situações de casas isoladas ou pequenas aldeias, como Travanca do Monte, Gouveia e São Simão, quase cercadas pelas chamas.
Na quinta-feira, quando o fogo foi dado como extinto, ainda se observava em várias zonas junto às aldeias de Travanca e Guarda, grandes quantidades de fumo e restos de carvalhais destruídos pelas chamas.
Hélder Ferreira, da proteção civil municipal, disse à Lusa que se viveram, nos dois incêndios, situações de “grande dramatismo”, devido à insuficiência de meios de combate, o que também aconteceu na zona de Chapa/Aboim, no Norte do concelho. Ali, contou, as antigas de instalações de uma unidade industrial foram destruídas pelo fogo e as casas das redondezas só não tiveram o mesmo destino devido ao socorro prestado pelos bombeiros e por populares.
Já na zona de Telões, próxima da cidade, também ocorreu um incêndio, com várias ignições, que preocupou os meios devido à proximidade de áreas urbanas.
Sete pessoas morreram e 161 ficaram feridas devido aos incêndios que atingem desde domingo sobretudo as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga, Viseu e Coimbra, e que destruíram dezenas de casas.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) contabiliza cinco mortos, excluindo da contagem dois civis que morreram de doença súbita.
A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 121 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro já arderam mais de 100 mil hectares, 83% da área ardida em todo o território nacional.
O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias e sexta-feira dia de luto nacional.