O início de um novo ano é, para mim e, acredito que para muitos, um momento de reflexão e esperança. A ideia de um “novo começo” parece perfeita: uma oportunidade de deixar para trás o que não correu bem e iniciar um ciclo com novos objetivos e resoluções. À medida que o ano avança, a pressão em cumprir as resoluções acaba por gerar mais stress do que motivação. As metas de Ano Novo, em vez de servirem como uma ferramenta de crescimento, tornam-se, muitas vezes, um fardo psicológico.
Iniciar o ano a estabelecer objetivos e metas é já uma tradição, com a qual me identifico, embora, com o tempo, tenha aprendido a ser mais cautelosa nas promessas que faço a mim mesma. Estabelecer metas como perder peso, viajar mais ou aprender uma nova habilidade pode ser algo positivo, mas a pressão para cumprir esses objetivos pode ser esmagadora. Queremos que os resultados sejam imediatos, mas sabemos que essas mudanças levam tempo e um esforço contínuo.
É interessante observar como as redes sociais amplificam ainda mais essa sensação de obrigação. As pessoas parecem estar a cumprir as suas resoluções com facilidade, a partilhar os seus avanços, e a comparar-se umas com as outras de forma constante. Isso cria uma pressão social que pode ser difícil de ignorar. Não seria mais saudável aceitar que o ano novo não é uma obrigação de mudar tudo de uma vez, mas sim uma oportunidade para refletir de forma mais gradual sobre o que podemos melhorar ou até mesmo para aceitar que alguns aspetos da nossa vida não precisam de ser reformulados à pressa? A verdadeira mudança vem de um processo contínuo que não tem início nem fim determinados por datas no calendário.
O início de um novo ano pode ser uma excelente oportunidade para refletir sobre o que queremos alcançar, mas também pode ser uma altura de aceitação do que já somos. Não precisamos de mudar tudo de uma vez, nem de seguir um padrão estabelecido pelas outras pessoas. A verdadeira evolução não está na pressão de cumprir metas preestabelecidas, mas na capacidade de caminhar ao nosso próprio ritmo e, sobretudo, de perceber que não é necessário fazer uma revolução para viver uma vida mais significativa.
Em vez de me preocupar com o que “deveria” ser, aprendi a abraçar o que estou a fazer, por mais pequeno que seja. Todos os dias são uma oportunidade para melhorarmos e crescermos, de forma saudável, com leveza.
Ano novo, vida nova? Talvez, mas no meu próprio ritmo.