A Distância e a Saudade no Dia de Todos os Santos

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Hoje, Dia de Todos os Santos, celebramos a memória daqueles que já partiram e homenageamos os nossos entes queridos. Em Portugal, é uma tradição profunda visitar os cemitérios, ornamentar as campas e dedicar um momento de silêncio e respeito àqueles que amamos. No entanto, para muitas pessoas que vivem longe, esta celebração ganha uma dimensão dolorosa: o sentimento de não poder estar presente neste dia que une a família e memórias.

A Realidade dos que Estão Longe

Nos últimos anos, o número de portugueses que emigrou cresceu de forma expressiva, com destinos que se estendem pela Europa, América e até pelo Oriente. Para quem vive fora, o Dia de Todos os Santos reforça a saudade, intensificando a sensação de estar desconectado da cultura e das tradições que os formaram. A impossibilidade de viajar – seja por questões económicas, compromissos laborais ou mesmo questões de saúde e logística – é um dos preços emocionais de viver longe.

Com as facilidades tecnológicas de hoje, muitos recorrem a videochamadas e redes sociais para manter o contacto, na tentativa de se sentirem mais próximos. No entanto, num dia como o de hoje, a tecnologia é insuficiente. Não existe chamada que substitua o momento em que se coloca uma flor numa campa ou se cruza um olhar silencioso com um familiar junto ao túmulo. O valor da presença, do toque e do estar junto é algo que nem a tecnologia mais avançada pode replicar.

Estar longe pode despertar em cada um a nostalgia de memórias antigas: as idas ao cemitério em criança, acompanhados pelos pais ou avós, os rituais que pareciam quase automáticos, mas que hoje fazem todo o sentido. É com esse sentimento que muitos emigrantes tentam passar aos filhos a importância de honrar os que partiram, mesmo que de uma forma adaptada, criando pontes entre gerações e mantendo viva a tradição.

Apesar da distância, muitos encontram maneiras de homenagear, onde quer que estejam. Um minuto de silêncio, uma oração, uma pequena vela acesa. São gestos que lembram que a memória não conhece fronteiras e que a homenagem pode transcender a presença física.

O Dia de Todos os Santos é, para muitos, um feriado de saudade e introspecção. Para quem está longe, é uma oportunidade de recordar e celebrar, mesmo que a milhares de quilómetros de casa. Talvez a ausência, em vez de enfraquecer o vínculo, apenas o reforce. Afinal, a memória e o amor que guardamos pelos nossos não se perdem na distância.

Mariana Neto – Licenciada em Comunicação Social – Comunidade Lusa

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