Em 2021, em Luanda, o pilar político e o pilar económico da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) foram completados com um importante pilar de cidadania através da assinatura do Acordo sobre a Mobilidade, entretanto já ratificado, em tempo recorde, por todos os 9 países que fazem parte da CPLP.
Com este Acordo a burocracia diminui, a cooperação económica intensifica-se, o sentimento de pertença aumenta por meio da mobilidade resultante de uma língua comum, apesar das diferenças e a CPLP demonstra a sua força como organização única e insubstituível congregando países geograficamente dispersos unidos por uma língua comum.
Isso é fantástico. É Pelé!!
Daí podermos falar de um novo conceito, tal como o faz a Associação Portugal-Brasil 200 anos, Cidadania da Língua.
Pode dizer-se que o século XX marcou a democratização da cidadania, através da globalização da economia, ligada à abertura das fronteiras e o século XXI ficará marcado pelo reforço da cidadania por causa de uma língua comum.
É um novo caminho a desbravar que se abre neste mundo global, um mar de oportunidades para países que falam português e que são todos eles países marítimos.
As palavras de José Eduardo Agualusa em “Os Vivos e os Outros” são inspiradoras: “O mar continua pendurado na janela da sala, como um quadro um pouco torto, mas já não é o mesmo que Daniel Benchimol encontrou ao chegar à ilha, três anos antes.”
Tudo pode ser diferente, ainda mais numa altura em que as Nações Unidas têm sobre a mesa uma proposta de alargamento da plataforma continental dos países que têm o mar como fronteira, o que significa que os países CPLP poderão reforçar a plataforma continental abrindo-se-lhes potencialidades económicas e políticas incomensuráveis.
Há vários desafios pela frente, mas o Acordo de Mobilidade é um passo de gigante na consolidação da Cidadania da Língua, abrindo um mar de oportunidades quer à CPLP, enquanto organização, quer aos seus Estados-membros, quer a todos nós cidadãos do mundo.
Carlos Moura Carvalho
Jurista e Gestor Cultural
Curador do Projeto Cidadania da Língua da “Associação Portugal Brasil 200 Anos”
