• Março 31, 2025
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Série Adolescence: Os desafios de crescer e educar na era digital

Adolescente

“Adolescence” estreou a 13 de Março de 2025 e, em 48 horas, conquistou o topo do ranking da Netflix em 93 países. Centra-se a história de Jamie Miller, um adolescente de 13 anos acusado de ter assassinado uma colega de escola.

Quando algo desta dimensão acontece, conseguimos encontrar motivos para a criança ser assim- normalmente crescem em ambientes familiares disfuncionais e de criminalidade. Não é o caso de Jamie e, talvez por isso, seja ainda mais perturbador e alarmante. Jamie é, aparentemente, um adolescente “normal”, vindo de uma família “comum”. A série complica, portanto, a narrativa típica do delinquente infantil, levando os espectadores a reconsiderar as suposições que fazemos sobre os jovens.

A narrativa explora as complexidades da juventude na era digital, destacando questões como a violência juvenil, a masculinidade tóxica e a influência das redes sociais durante o crescimento dos mais jovens.

Surge também o verdadeiro significado dos emojis e a incompreensão deste universo digital pelos mais velhos. “Adolescence” apresenta-nos todo um glossário obscuro em que símbolos como o comprimido vermelho, o comprimido preto ou a dinamite representam, por exemplo, frustração sexual.

Termos como Incel (homens que se identificam como “involuntariamente celibatários”), hipergamia (a suposta preferência feminina por parceiros com estatuto socioeconómico mais elevado), ou a chamada regra 80:20 (uma teoria sem fundamento segundo a qual 80% das mulheres só se sentem atraídas pelos 20% de homens mais desejáveis), circulam fortemente em plataformas como o TikTok, o YouTube ou o Discord. Estão disfarçados de conteúdos de auto-ajuda ou de “desenvolvimento masculino”, mas escondem frequentemente discursos misóginos e retrógrados.

Os emojis já não são inocentes: cada cor, cada símbolo, cada meme pode fazer parte de uma mensagem indecifrável para os mais velhos.

“Adolescence” serve como um espelho para a sociedade contemporânea, oferecendo uma reflexão profunda sobre os desafios da parentalidade numa era que acontece em grande parte no “digital” e nos comentários nas redes sociais.

Estas questões não são novas, mas a série estreou num momento em que cada vez se fala mais sobre as mensagens perigosas direcionadas aos jovens.

O papel da família, da escola e dos profissionais de saúde mental são cruciais na formação dos jovens. Como é que a falta de comunicação e de apoio emocional contribui para que um adolescente se perca no mundo digital? A terapeuta que acompanha o protagonista tenta entender os fatores subjacentes que levaram ao crime, mas a série expõe a dificuldade de uma abordagem eficaz quando os jovens não têm os recursos emocionais ou psicológicos adequados para lidar com as suas frustrações.

A série levantou muitas preocupações e questões e está em cima da mesa a proibição do acesso às redes sociais até aos 16 anos – uma medida já adotada na Austrália, com exceções, e em discussão na Dinamarca.

Há quem defenda que a proibição do uso de redes sociais não é a solução e que a melhor forma é perceber como introduzir essas tecnologias de forma saudável, com o devido controlo parental, regulando o tempo e o acesso a conteúdos.

Mariana Neto – Licenciada em Comunicação Social

 

 

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