Em breve teremos eleições que darão origem a um novo primeiro-ministro.
Pois bem! Segue a pregação!
Que o próximo primeiro-ministro seja alguém que escolha para seus colaboradores gente normal, dessa que tem o dinheiro no Banco, gente competente, qualificada, honesta, independente, ou não, mas que traga o contraditório à discussão e a prática política. Que não sejam meros yes men, representantes da concordância acéfala e acrítica, com receio de discordarem do pensamento do chefe.
Que nos calhe um primeiro-ministro que não viole o âmbito do funcionamento das instituições, que lhes dê espaço e as respeite no exercício das suas competências e não as substitua por amigos que tratam de tudo o que sejam negócios do Estado.
Que venha aí um primeiro-ministro que olhe para o país no horizonte dos próximos 10 anos e não se deixe paralisar pelas agendas oficiais e imediatas do dia-a-dia. Que dê à Educação, à Saúde e à demografia a atenção que elas merecem. Que crie as condições para que na próxima década não nos faltem os milhares de professores que precisamos para substituir os que se vão reformar. Um primeiro-ministro que dialogue com os médicos, os ouça e possibilite que eles continuem a ser o eixo central de um SNS que não viva de urgências fechadas, vias verdes coronárias encerradas, extensas listas de espera para consultas e operações cirúrgicas e carência de médicos de família.
Pugnem, caros leitores, por um novo primeiro-ministro que tenha a sagacidade política de Sá Carneiro, a dimensão europeia e internacional de Mário Soares, a força das convicções de Álvaro Cunhal, o rigor financeiro de Cavaco Silva, as preocupações sociais de António Guterres. Um primeiro-ministro que fique na História, e lute, nos próximos quatro anos, por ser um Estadista e não um efémero ilusionista político.
Por favor, tentem escolher um primeiro-ministro que tenha um desígnio nacional, que não seja um mero calculista político, um chefe do governo que não ponha a sua carreira política á frente dos interesses nacionais. Alguém que não olhe para o desempenho do cargo de primeiro-ministro como um bom emprego, mas sim como uma missão patriótica.
Percebam, no leque de candidatos, qual poderá vir a ser o protagonista mais exigente no combate à corrupção e ao tráfico de influências. Que tenha tolerância zero quanto à corrupção. Que não disfarce, ou “assobie para o ar”. Seja, sim, rigoroso, implacável, intolerante para com os casos de corrupção e tráfico de influências.
Coloquem o vosso voto, caros leitores, no candidato que vos dê mais garantias de não ter medo de reformar o país, de modernizar a Justiça, de fazer o aeroporto que está por fazer há 54 anos, de reconstruir a delapidada ferrovia dando-nos os comboios modernos e confortáveis a que temos direito com os impostos que pagamos. Escolham alguém que faça mais e fale menos.
Façam um esforço para descortinar o candidato a primeiro-ministro que pense nos jovens, que dê condições aos que iniciam a vida, que tenham acesso a uma casa, e que, depois de cinco anos na faculdade, não acabem em caixas de supermercado com ordenado mínimo nacional.
Escolham um primeiro-ministro que fale convosco, que vá a televisão dizer-vos o que está a ser fácil, mas também o que está a ser difícil. Um primeiro-ministro que não nos tente enganar com dados estatísticos desligados da crueza do quotidiano.
Vejam, caros leitores, se conseguem vislumbrar entre os candidatos qual deles estará em melhores condições para dinamizar a economia, reindustrializar o país, lutar por mais investimento estrangeiro, retirar Portugal da cauda da Europa.
Eu sei, caros leitores, que é difícil encontrar um primeiro-ministro assim. Mas a 10 de Março votem. E se não for pedir de mais, votem num partido que possibilite a escolha de um bom primeiro-ministro. Coisa que o país não conseguiu nos últimos oito anos!
Jornalista
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