• Outubro 3, 2025
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ONG alerta que Moçambique precisa “desesperadamente de ajuda”

“O recente aumento de ataques insurgentes em aldeias e vilas em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, levou a uma crise humanitária e de deslocamento em rápido crescimento, com os cortes na ajuda internacional, prejudicando a resposta humanitária”, alerta Mark Wood, daquela Organização Não Governamental (ONG).

Citado num comunicado da organização independente, fundada em 1979, o responsável diz que o “recente aumento de ataques por grupos armados, incluindo um grupo ligado ao Estado Islâmico”, está a ser “principalmente dirigido a civis e levou ao deslocamento de pelo menos 20.000 pessoas, metade delas crianças, até 24 de setembro de 2025”.

“Os ataques têm sido especialmente cruéis e imprevisíveis na província de Cabo Delgado, no norte do país, marcados por sequestros, assassinatos e agressões sexuais. Muitos dos deslocados já foram forçados a fugir diversas vezes, parte de um total de 1,3 milhão de pessoas que foram deslocadas devido a conflitos, ciclones e seca desde 2017”, refere ainda.

A província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas desde então.

No final de julho, ataques destes grupos já tinham provocado mais de 57 mil deslocados no distrito de Chiúre, sul de Cabo Delgado, segundo dados oficiais.

Entretanto, a província regista um recrudescimento de ataques nos distritos de Chiúre, Muidumbe, Quissanga, Ancuabe e Meluco. Mais recentemente também Mocímboa da Praia, com registo de vários mortos, levando neste caso a organização Médicos Sem Fronteiras a suspender as atividades locais.

“Os intervenientes humanitários estão a soar o alarme de que cortes massivos na assistência externa agravam a situação humanitária e de segurança”, sublinha a ONG, recordando que só o apoio dos Estados Unidos da América (EUA) caiu de 821 milhões de dólares (698,5 milhões de euros) em ajuda a Moçambique em 2024 para 243 milhões de dólares (206,7 milhões de euros) em 2025, com programas de VIH/Sida, resposta a emergências e a saúde “entre os setores que perderam fundos”.

“Estes cortes fazem parte de um panorama mais amplo de grupos de ajuda que estão a reduzir ou a cessar completamente as suas operações devido à escassez de financiamento. Alguns permaneceram com orçamentos apertados e alguns tiveram de suspender o trabalho em certas áreas devido à deterioração das condições de segurança”, refere ainda a Refugiados Internacional.

O relatório de 2024 daquela ONG já tinha destacado “os riscos que mulheres e meninas enfrentam” neste cenário, como “casamento precoce e forçado, exploração sexual e sexo para sobrevivência”.

“O conflito também continua a alimentar a separação de famílias e o aumento de menores desacompanhados”, sublinha, defendendo o restabelecimento do apoio dos EUA e da União Europeia (UE): “Em particular, a ajuda humanitária da UE para Moçambique deve intensificar seus esforços para a imediata assistência vital. Os atores regionais também devem fornecer apoio diplomático e de segurança para proteger a região e garantir o acesso humanitário”.

Diz que “sem um aumento imediato na assistência humanitária e na atenção global, os civis moçambicanos enfrentarão uma devastação crescente, à medida que os combatentes que os atacam são encorajados a expandir suas forças”.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques, no norte de Moçambique, a maioria reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.

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