• Outubro 3, 2025
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“Nunca imaginei que pudesse ser uma escritora conhecida em França”

O que eu sinto é que eu trago para os leitores franceses um Portugal que eles não conhecem e, isso, para mim, é também maravilhoso, porque eu estou a trazer a minha cultura, o meu país, para um país que tem uma ideia, talvez, demasiado submissa do meu”, disse Isabela Figueiredo à agência Lusa, no encontro com a sua tradutora Myriam Benarroch na Fundação Gulbenkian, em Paris.

Para a autora, a tradução deste livro, “que parece ser um livro sobre solidão”, mas que defende ser sobre “a amizade e sobre como a amizade pode salvar-nos também da solidão”, “significa tanto”, referindo o papel da sua “grande tradutora” que conhece “o mundo” dos seus livros.

“Nunca na minha vida imaginei que pudesse ser uma escritora conhecida em França, lida em França, que os leitores franceses esperassem pelo meu novo livro. Isso está para lá dos meus sonhos, porque, quer dizer, nunca pensei que fosse possível. Às vezes pensamos um pouco baixo demais, e claro, me sinto orgulhosíssima, muito orgulhosa disso”, afirmou.

No seu terceiro livro traduzido em França, em agosto de 2025, pela editora Chandeigne & Lima, após o sucesso de ‘A Gorda’ — cuja tradução foi distinguida com o prémio Laure Bataillon 2024 -, Isabela Figueiredo revelou que manteve um diálogo com a sua tradutora para que o resultado final tivesse “coerência para o leitor francês”, já que a realidade portuguesa é diferente da francesa.

“Descobri recentemente que os franceses sabem muito pouco sobre a política, a economia e a cultura portuguesas”, afirmou a autora, referindo a sua passagem pelo festival literário Correspondances em Manosque, França, em que foi questionada sobre o 25 de Abril de 1974.

Tendo nascido em Moçambique e ido para Portugal “um ano e meio depois”, tudo o que sabe “foi lido ou estudado”, o mesmo não acontece em França, já que Portugal “é muito desconhecido para os franceses”.

“Quer dizer, eles têm a ideia dos portugueses que trabalham cá, mas não do que nós somos hoje enquanto país da comunidade europeia”, acrescentou.

O encontro feito numa mistura entre as duas línguas na Fondation Maison des Sciences de l’Homme reuniu ao final da tarde cerca de duas dezenas de leitores, para falar do livro que “corresponde ideologicamente” ao que a escritora defende sobre a vida, nomeadamente “sobre o antiespecismo, sobre anticonsumismo, sobre a importância da essência acima de tudo”.

“O meu desprezo enorme pela aparência, pelo que as outras pensam de nós, porque o que interessa é o que realmente nós sabemos que somos e o que a nossa consciência nos diz, a consciência é determinante para nós termos uma identidade”, disse.

O livro protagonizado pela personagem José Viriato, nomeado como o pai da escritora, que partilha os seus ideais e leva uma vida de acordo com os seus questionamentos quotidianos, e pela sua vizinha Beatriz, aborda Lisboa antes e após o 25 de Abril de 1974, para acompanhar a vida de ambos, mas também a relação entre seres humanos e animais e questões políticas mais recentes.

Filha de pais portugueses, Isabela Figueiredo nasceu em Maputo, em 1963. Em Portugal, tornou-se professora de português, jornalista e editou o seu primeiro livro, ‘Caderno de Memórias Coloniais’, em 2009.

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