“Nos últimos quatro anos, Moçambique expandiu a representação geográfica dos institutos nacionais de saúde (…), estabelecemos laboratórios de saúde pública em todas as províncias do nosso país, sendo que o último será inaugurado no final deste mês na província de Gaza”, avançou Ussene Isse.
Ao discursar na abertura da reunião anual da Associação Internacional dos Institutos Nacionais de Saúde Pública (IANPHI, na sigla em inglês), que decorre hoje e quinta-feira em Maputo, com cerca de 200 representantes — metade virtualmente — de 60 países, Ussene Isse destacou o trabalho que tem sido feito pelo INS moçambicano.
“Pretendemos que o INS de Moçambique seja um modelo a ser aplicado na região e no mundo (…). Fruto destes esforços, recentemente o África CDC [agência africana de controlo e prevenção de doenças] elegeu o nosso instituto como um dos centros de excelência para o continente africano”, afirmou.
O ministro da Saúde destacou também a contribuição dos institutos de saúde pública na definição de “soluções para assegurar que o mundo esteja melhor preparado para enfrentar as ameaças presentes e futuras” de saúde pública: “Vocês são a chave para ajudar nas soluções resilientes e construtivas para ultrapassarmos esta situação”.
Para Ussene Isse, a reunião, que vai produzir a “Declaração de Maputo”, acontece “num dos momentos mais preocupantes e desafiantes de saúde global das últimas décadas, devido à ocorrência simultânea de múltiplas crises”, nomeadamente mudanças climáticas e aquecimento global, o rápido crescimento populacional em África, o aumento de conflitos armados, o surgimento de tecnologias disruptivas e a redução do financiamento global para a saúde, bem como o aumento das desigualdades sociais “e o super-nacionalismo que ameaça a solidariedade global e a saúde pública”.
“Estes fatores condicionam o surgimento de emergências ou agravamento de diversas doenças com consequências diretas para as comunidades. Aumentam o fardo de doença para o setor de saúde, resultam no aumento da frequência e gravidade de surtos e epidemias. Os países de baixa renda são os mais afetados por estes fatores, mas também são os menos preparados e com sistemas de saúde mais frágeis”, admitiu.
Por isso, disse, Moçambique “defende reformas urgentes nas agendas globais de saúde, de modo a assegurar que a cooperação multilateral seja orientada” para o reforço dos sistemas nacionais de saúde e para a “edificação de sistemas de saúde resilientes às várias crises globais”.
“Face a estes desafios, defendemos que o uso de evidência científica ou inteligência científica assume um papel chave para perspetivar um futuro melhor para a saúde global. Por isso, devemos apostar nos institutos nacionais de saúde pública como pilar-chave”, acrescentou.
A reunião de Maputo tem como lema o papel dos institutos nacionais de saúde pública “na promoção de sociedades saudáveis, equitativas e resilientes para fazer face às ameaças atuais e futuras”, tendo estes, reconheceu Ussene Isse, o “papel fundamental” na “identificação de soluções tecnológicas e científicas para a melhoria da saúde e o bem-estar das populações”.
Nesta reunião anual mundial dos institutos nacionais de saúde pública vão ser apresentadas e discutidas evidências sobre doenças com potencial para causar futuras pandemias ou emergências de âmbito global.
No rol das prováveis futuras pandemias ou emergências de saúde pública destacam-se o recrudescimento da gripe causada pelo vírus H5N1 pelo mundo, “num contexto em que a humanidade possui imunidade baixa ao vírus”, refere o INS.