O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, participou, esta quarta-feira, numa cerimónia de homenagem às vítimas dos incêndios de 2017. Em Vouzela, no distrito de Viseu, o chefe de Estado disse que era necessário “acelerar o passo” para que não se repitam incêndios das dimensões dos que aconteceram nesse ano – assim como outras menores, mas que tiveram impactos.
“Foi um choque brutal na sociedade portuguesa. Foi um despertar, um alerta, que provocou muitas mudanças. Umas ocorreram, outras ainda estão a ocorrer e outras espera-se que ocorram. Foi um choque profundo, mas também de solidariedade”, afirmou, dizendo que todos os portugueses, mesmo os que estavam lá fora, acorreram para ajudar.
“Hoje, nesta celebração, há uma esperança de melhor futuro”, considerou.
Marcelo considerou que as autarquias, bombeiros ou mesmo Guarda Nacional Republicana ou Proteção Civil melhoraram na área da prevenção, que “não havia”. Marcelo Rebelo de Sousa falou de se ter começado a fazer o cadastro, porque há territórios cujos proprietários são desconhecidos, em muitos municípios.
O chefe de Estado sublinhou ainda que se começa a perceber que é preciso que “as autarquias tenham mais poder”, para prevenir incêndios e intervir no combate, se o ordenamento não for respeitado.
“Está-se bastante melhor do que em 2017. Está-se ainda aquém daquilo que se espera que se possa estar nos próximos anos”, afirmou, reforçando que houve questões em que não se conseguiu avançar em relação ao ordenamento por questões “burocráticas”.
“Agora, é preciso acelerar o passo para que não se repita 2017, nem mesmo situações que, menos graves que 2017, se devem evitar para o futuro”, reforçou.
Confrontando com a passagem já de oito anos, Marcelo afirmou que havia assuntos que estão relacionados com a mudança de mentalidade. “E a mentalidade era e ainda é, em muitos casos, lenta a mudar. Muitos proprietários ausentes, ou que estão presentes, mas não têm meios, resistiram á ideia de maior intervenção do poder local. São também precisos mais fundos, essenciais”, continuou, apontando que também o esquema de prevenção é preciso ser melhorado, nomeadamente, “com um papel militar maior”.
Note-se que os incêndios florestais em Portugal nesse ano deflagraram a 15 de outubro no Centro e Norte do país, bem como na região da Galiza em Espanha. Houve 440 incêndios ativos em Portugal (523 ocorrências, segundo o primeiro-ministro), dos quais 33 de tamanho importante.
Também este ano Portugal foi atingido por incêndios, e, confrontando coma situação – que valeu críticas ao Governo então -, Marcelo disse que se melhorou no combate aéreo, dado que há oito anos eram “pouquíssimos”. “Mesmo assim, houve no arranque, deficiências em relação a meios aéreos que deviam ter chegado e não chegaram”, reconheceu, falando da intervenção da Força Aérea.
Questionado sobre o que gostaria de ter deixado ”resolvido’ durante estes seus dois mandatos, Marcelo deixou ainda o alerta de que todos os Governos que vierem deverão atentos, sublinhando que há sempre algo por resolver e chamando à atenção para questões, nomeadamente, em relação à comunicação, mas também à prevenção.
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