“É preciso que saibam fazer o uso das tecnologias, é preciso que saibam que nem tudo que se vê nas redes sociais é benéfico”, disse Valige Tauabo, durante uma cerimónia de conclusão de estágios pré-profissionais, financiados pelo projeto de exploração de Gás Natural Liquefeito em Cabo Delgado.
Desde outubro de 2017, a província do norte de Moçambique, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.
Segundo Valige, é necessário saber “decifrar e tirar dúvidas” sobre essas propostas de emprego, para evitar enganos que levem ao recrutamento por grupos extremistas que operam na província, algo que descreveu como uma catástrofe.
“Queremos que os nossos jovens estejam atentos, continuem a manter este perfil que estamos sentindo. Ultimamente não vemos jovens nem a voluntariarem-se para se enquadrarem no grupo dos extremistas e tão pouco tem havido o facto de ficarem enganados por causa de mensagens [de emprego]”, concluiu.
A província de Cabo Delgado regista um recrudescimento de ataques de grupos rebeldes desde julho, tendo sido alvos os distritos de Chiúre, Muidumbe, Quissanga, Ancuabe, Meluco e mais recentemente Mocímboa da Praia.
O Governo moçambicano lamentou na semana passada os mais recentes ataques terroristas em Cabo Delgado, referindo que é papel do Estado perseguir, retardar e travar os ataques para que a população tenha “menos sofrimento possível”.
“Lamentamos este infortúnio, mas não paramos nesta componente da lamentação. Por isso é que estamos com forças empenhadas para o efeito e detalhes deste serão dados, se este for o caso, pelas entidades de segurança que estão efetivamente no terreno ou então pelos responsáveis ao nível central”, disse o porta-voz do Conselho de Ministros.
Inocêncio Impissa referiu ainda que é papel do Estado travar a “onda de malfeitores” em Cabo Delgado, para que não se registem novos ataques e não se ponha em causa a “tranquilidade dos moçambicanos em qualquer parte do país”.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques, no norte de Moçambique, a maioria reivindicados pelo Estado Islâmico, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.
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