O tema, “inspirado na filósofa Silvia Federici”, permite, segundo o presidente da Câmara de Óbidos, Filipe Daniel, “articular corpo, território, cuidado, ecologia e memória num mesmo gesto”.
No encerramento da 10.ª edição do festival Fólio, que trouxe à vila cerca de 800 autores e criadores para participar em mais de 460 iniciativas em torno do livro e da leitura, o autarca afirmou que este tema convida “a olhar não apenas para o corpo, mas para tudo o que o corpo precisa para viver — a terra, a água, o ar, o comum”.
Até porque, acrescentou Filipe Daniel, “para além da pele, começa o corpo do mundo”.
Em jeito de balanço da edição que assinalou os 10 anos do Fólio, Filipe Daniel, considerou “memorável” e “plena de significado” a edição que decorreu, entre o dia 09 e hoje, sob o tema ‘Fronteiras’.
Foram onze dias “de intensa partilha, em que a literatura cruzou línguas, continentes e sensibilidades” numa prova viva de que “a cultura une comunidades e projeta Óbidos no mundo”, afirmou.
De acordo com a organização, a 10.ª edição do Fólio foi visitada por cerca de cem mil pessoas que assistiram a mais de uma centena de conversas entre autores e o público, 15 mesas de autor, tertúlias, seminários, lançamento de livros, concertos e entregas de prémios.
Além de dois laureados com o Prémio Nobel da Literatura – a escritora bielorrussa Svetlana Aleksiévitch e o autor sul-africano J. M. Coetzee — pela tenda Vila Literária passaram, entre muitos outros escritores, as norte-americanas Anne Applebaum e Lionel Shriver, o israelita Avi Shlaim, o espanhol Fernando Aramburu, o irlandês Paul Murray e o francês Pierre Singaravélou.
Sete concertos, 21 exposições projeção de filmes e ‘play talks’ com artistas da área da música marcaram ainda o programa do festival, onde foram assinalados os 20 anos da editora Tinta da China e os 40 anos da adesão de Portugal à União Europeia.
Organizado pelo município de Óbidos, em parceria com a empresa municipal Óbidos Criativa, a Ler Devagar e a Fundação Inatel, o Fólio realiza-se desde 2015 na vila classificada como Cidade Criativa da Literatura pela UNESCO.
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