Exposição ‘Flowers’ de Rita Barros revela fotografias inéditas no Porto

Uma exposição com obras inéditas em fotografia e vídeo da artista visual Rita Barros, sobre a importância da provocação e do desejo como formas de resistência, é inaugurada na quarta-feira na galeria Salut au Monde, no Porto.
Exposição

A exposição tem como título “Flowers”, de uma série como mesmo nome criada no ano passado, que prossegue as ações performativas que Rita Barros realiza a partir do seu apartamento 1008 no Chelsea Hotel em Nova Iorque, Estados Unidos, onde reside desde 1984.

“Esta série celebra a importância da provocação e do desejo como formas de resistência ao processo de gentrificação” do hotel, explicou a curadora da exposição, Susana Lourenço Marques contactada pela agência Lusa, acrescentando que é composta por oito fotografias e um livro de artista.

“Flowers” foi inserida na monografia de Rita Barros, publicada em novembro de 2023 na Coleção Ph da Imprensa Nacional – Casa da Moeda, dedicada à fotografia contemporânea portuguesa, e é pela primeira vez exposta ao público.

Na mostra são ainda apresentados sete vídeos realizadas pela artista entre 2012 e 2024, nos quais Rita Barros “usa os corredores e o terraço do hotel como palcos improvisados, nomeadamente ‘Chelsea Housewife’ (2013), sobre o sarcasmo de limpar o hotel em demolição embalada pelo poema de René Ricard, ou ‘Another Happy Day’ (2012), onde reencena o absurdo e acentua o despropósito e impotência contra a incivilidade que a rodeia”.

Na exposição que é inaugura na quarta-feira, serão ainda apresentados os vídeos “Motherfuckers”, “As Good As it Gets”, “Perfect Cup of Tea”, “New Loft on 10f” e “Random Shoes”.

“Flowers” ficará patente no Porto até 27 de julho. A 22 de junho, no âmbito da mostra, decorrerá uma conferência na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, pelas 15:30, com a presença da artista, Teresa Siza, Cláudio Garrudo e Susana Lourenço Marques.

Rita Barros nasceu em Lisboa, em 1957, e possui um mestrado em Art in Media: Studio Art pela Universidade de Nova Iorque/Centro Internacional de Fotografia, onde também é professora de fotografia.

A artista decidiu documentar em imagens a remodelação do famoso Chelsea Hotel, em Nova Iorque, onde reside desde 1984, e foi essa “decisão emocional” que lhe valeu muito na luta para manter a sua casa, pois as fotografias serviram-lhe de prova em tribunal para não ser despejada.

Captar a vida nos apartamentos do emblemático edifício nova-iorquino – onde já viveram figuras como Bob Dylan, Patti Smith, Dylan Thomas, Janis Joplin – despertou o interesse da fotógrafa e professora na Universidade de Nova Iorque, a ponto de criar livros sobre o tema, como “15 Anos Chelsea Hotel”.

Ao longo dos anos, fotografou as vivências individuais dos amigos e vizinhos, residentes e ocasionais, ela própria residente no quarto 1008, o mesmo onde o escritor e inventor Arthur C. Clarke escreveu o romance de ficção científica “2001 Odisseia no Espaço”, no início dos anos 1950, que o realizador Stanley Kubrick viria a transpor para filme.

O Wilfredo Lam Contemporary Art Museum, em Havana, Cuba, o Photo Espanha, o Museu de Arte Contemporânea de Madrid, o Paris Photo, a Fundação Gulbenkian em Paris, são outros locais onde Rita Barros tem exposto, estando representada em várias coleções de arte portuguesas e estrangeiras, como as do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Coleção do Novo Banco, do Centro Português de Fotografia e da New York Public Library.

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