Existem cada vez mais pessoas que usam antidiabéticos para emagrecer. Ozempic e Wegovy, ambos feitos à base de semaglutida injetável, são alguns dos mais populares. Por isso, investigadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, decidiram estudar os efeitos destes fármacos em todos os órgãos do corpo. Há boas e más notícias.
Mais especificamente, a investigação, disponibilizada na Nature Medicine, concluiu que este tipo de medicamento pode ter benefícios para a saúde cognitiva e comportamental e, ao mesmo tempo, aumentar o risco de pancreatite e problemas renais, entre outros.
Para o estudo os cientistas analisaram alguns registos médicos recolhidos pelo Departamento de Assuntos dos Veteranos. Foram comparados indivíduos que tomaram medicamentos agonistas dos receptores do péptido-1 semelhante ao glucagon (GLP-1RA) para tratar a diabetes e aqueles que tomaram medicamentos mais antigos como Jardiance, Glipizide e Januvia. Conseguiram analisar, no total, mais de dois milhões de indivíduos de diferentes idades, sexos e raças.
Concluíram assim que os medicamentos GLP-1RA foram associados a benefícios significativos para a saúde neurológica e comportamental, com riscos reduzidos de convulsões e de dependência de substâncias como o álcool, a canábis, os estimulantes e os opiáceos. Também registaram uma diminuição do risco de ideação suicida, automutilação, bulimia e perturbações psicóticas, como a esquizofrenia.
Ziyad Al-Aly, o líder do estudo, citado em comunicado, explica que “estes medicamentos também reduzem a inflamação no cérebro e resultam em perda de peso; estes dois fatores podem melhorar a saúde do cérebro e explicar a redução do risco de doenças como a doença de Alzheimer e a demência”.
Explica ainda que apesar dos medicamentos GLP-1RA demonstrarem eficácia contra diferentes problemas de saúde, a magnitude dos benefícios associados é modesta: “cerca de uma redução de 10% a 20% para a maioria dos resultados”.
O estudo também destacou as potenciais desvantagens dos medicamentos, “incluindo um risco acrescido de problemas gastrointestinais, como náuseas, vómitos, diarreia e, em casos raros, paralisia do estômago”.
Segundo a investigação, estes medicamentos podem “afetar negativamente o pâncreas e os rins” e apesar dos efeitos adversos serem pouco frequentes, podem ser muito graves.
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