• Maio 3, 2025
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“É um luto sem corpo”. Como viver o Dia da Mãe após uma perda gestacional

Maternidade

O Dia da Mãe avizinha-se e, apesar de este amor merecer sem celebrado, há quem não o consiga fazer na sua plenitude. Como será viver este dia após uma perda gestacional? A psicóloga Cátia Silva, citada em comunicado, partilha algumas maneiras para que consiga cuidar de si após um momento de dor.

O Dia da Mãe é socialmente vivido como uma homenagem à maternidade, mas esquecemo-nos que, para muitas mulheres, este dia pode ser um autêntico desafio, pela ausência física de um bebé profundamente desejado.

A perda de um filho durante a gravidez, no parto, nos dias seguintes ou em qualquer fase da vida é uma experiência de dor intensa. Um luto invisível, muitas vezes silenciado, e por vezes invalidado com frases como: ‘ainda vais ter outro’ ou ‘foi melhor assim’.

Enquanto psicóloga, Cátia Silva já acompanhou várias mulheres que perderam os seus bebés e revela que, apesar da perda gestacional, poder assumir diferentes formas – aborto espontâneo, morte fetal, morte neonatal, interrupção médica ou voluntária da gravidez – todas partilham o mesmo traço: ocorrem sem aviso, sem preparação emocional e com pouca validação da rede de apoio. “É um luto sem corpo, sem memórias partilhadas, sem rituais formais, mas com marcas reais”, refere em comunicado.

Estima-se que uma em cada quatro mulheres vá passar por uma perda gestacional ou perinatal ao longo da vida. E, no entanto, o silêncio social à volta desta vivência faz com que muitas mães enfrentem o luto sozinhas. Além da perda do bebé, há perdas secundárias mas igualmente importantes: o sonho de uma família, a identidade enquanto mãe, a sensação de controlo sobre o corpo e sobre a vida.

Segundo Cátia Silva, cada mulher vive o luto de forma única, não havendo um ‘manual’ específico para todos os casos, mas existem estratégias que podem ajudar a trazer algum alívio e dignidade ao processo de luto.

Saiba como pode cuidar de si nesse dia

Permissão para sentir: “Perceba que não existem emoções certas ou erradas. Tristeza, culpa, raiva, alívio, saudade, todas são válidas. O mais importante é reconhecer o que sente e respeitar o seu próprio ritmo.”

Celebrar o vínculo, não a ausência: “Ser mãe não depende da presença física de um filho. O amor já existia e continua a existir. Criar um ritual simbólico (escrever uma carta, acender uma vela, plantar uma flor) pode ajudar a manter viva essa ligação. Guardar objetos como ecografias, roupas ou fotografias também pode ser reconfortante.”

Definir limites: “Não tem de ir a almoços, responder a mensagens ou estar nas redes sociais. Proteger o seu espaço emocional é autocuidado e extremamente necessário.”

Procurar apoio especializado ou grupos de ajuda: “Falar com outras mulheres que viveram perdas semelhantes, ou com um(a) psicólogo(a) especializado(a), pode ser um passo importante. Validar o que sente é o início da reconstrução. Não tem de passar por isso sozinha.”

Honrar a maternidade: “Uma mulher continua a ser mãe, mesmo sem um bebé nos braços. A maternidade não é menos real por ser invisível aos outros por isso não permita que a sociedade a convença do contrário.”

Para a psicóloga, a nossa sociedade ainda não sabe lidar com a perda gestacional, havendo ainda um longo caminho a percorrer. Muitas vezes, quem rodeia essa mãe, não sabe o que dizer, o que fazer e prefere ficar em silêncio. Mas esse silêncio, mesmo quando bem-intencionado, magoa.

“Enquanto sociedade, temos de criar espaço para estas vivências. Enquanto profissionais, temos o dever de acolher com empatia e conhecimento. E enquanto pessoas, temos a oportunidade de dizer: ‘Eu vejo-te. Eu reconheço-te. Tu és mãe'”, conclui Cátia Silva.

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