
No dia em que se assinala o Dia Nacional de Prevenção do Cancro da Mama, 30 de outubro, definido pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, o ‘Outubro Rosa’ está a chegar ao fim, mas as campanhas de sensibilização continuam.
‘O Meu é Diferente do Teu’ é o movimento que está a ser divulgado nas redes sociais, através de vídeos, testemunhos e conteúdos que explicam e abordam os subtipos de cancro da mama, as diferentes evoluções da doença e a importância da prevenção.
Numa entrevista ao Lifestyle ao Minuto, a médica Gabriela Sousa fez a distinção entre os subtipos e falou sobre a importância de saber reconhecê-los para conseguir combater o cancro.
Conheça os diferentes tipos de cancro de mama
A especialista refere que o cancro da mama não é uma doença, mas sim um conjunto de várias doenças, com diferentes subtipos biológicos que implicam diferentes estratégias de tratamento.
A aproximação à classificação molecular de cada tumor é feita, aquando da biópsia da lesão mamária, através da determinação de 4 parametros (Recetores de Estrogénio; Recetores de Progestrona, HER2 e KI67), fundamentais para a sua classificação nos 4 subtipos mais importantes. São eles:
Luminal A “like” – elevada expressão hormonal (Recetores de Estrogénio e Progesterona com elevada expressão, HER2 negativo e KI67 < 20%);
Luminal B “like” – subtipo caracterizado por menor expressão de recetores hormonais, KI67 ≥ 20%. Podem ser HER2 negativos ou HER2 positivos;
HER2 positivo ou “enriched” – implica a expressão do recetor de membrana celular HER2 ou a amplificação genética do gene que codifica esta proteina;
TRIPLO Negativo – quer dizer que não tem expressão hormonal (Recetores hormonais de estrogénio e progesterona negativos) e HER2 negativo.
E mais recentemente ainda se define um subgrupo HER2 Low (quando a determinação deste recetor não chega para ser positiva mas existe alguma expressão mesmo que baixa).
Porque é importante conhecer o subtipo do cancro da mama?
É importante conhecer o subtipo de cancro da mama para que a estratégia de tratamento seja a mais assertiva em cada uma das situações. No caso do cancro da mama Luminal A “like” o maior benefício é obtido com tratamento hormonal e é muito reduzido o benefício da quimioterapia clássica.
No caso do cancro da mama HER2 positivo há estratégias de tratamento específicas, que inclui uma classe de fármacos – anticorpos monoclonais (trastuzumab e pertuzumab) ou mais recentemente anticorpos conjugados (trastuzumab entansina ou trastuzumab deruxtecano), assim como pequenas moléculas alvo (tucatinib ou lapatinib).
Se falarmos de triplo negativos, a quimioterapia clássica é muito importante, sobretudo uma classe de citostáticos, denomidados de sais de platina. Também é neste subtipo que a imunoterapia desempenha um papel importante.
A partir de que idade se pode e deve começar a fazer o rastreio?
O rastreio de base populacional foi alargado e este ano já inclui mulheres a partir dos 45 anos e até aos 74 anos, inclusive. Este rastreio é feito de dois em dois anos com mamografia, mais recentemente também inclui tomossintese (uma nova geração de mamografia). As mulheres são convidadas a partir do seu Centro de Saúde a fazerem este rastreio.
Contudo, é importante salientar que há um grupo grande de mulheres que de acordo com as suas características pessoais (histórico familiar ou mesmo a existência de alterações genéticas, padrão de densidade mamária, existência de lesões pré-malignas) deverão fazer uma vigilância individualizada.
Nestas situações e após o cálculo individual de risco (através do uso de ferramentas de cálculo de risco) poderá ser estabelecido um plano individual de vigilância (vigilância anual por exemplo, ou incluir técnicas de imagem mamária mais sofisticadas, como a Ressonância Magnética).
Que diferença pode fazer o rastreio?
O rastreio pode fazer toda a diferença! O rastreio salva vivas, dado que permite um diagnóstico mais precoce, quando ainda não é percetível qualquer alteração da mama (nódulo, deformidade ou alteração cutânea).
Não pode haver receio de participar no Rastreio! O cancro da mama tem elevadas taxas de cura se diagnosticado precocemente! Daí a importância da vigilância individualizada ou da participação nos programas de rastreio oncológico.
Conselhos práticos que fazem toda a diferença
A médica Gabriela Sousa revelou ainda alguns conselhos práticos. É o caso da prevenção. Explica quea melhor prevenção é a que implica mudanças no estilo de vida, controlo do peso, dieta com frutas e legumes, exercício físico regular. Não fumar, evitar bebidas alcóolicas.
Quando tem filhos é importante amamentá-los sempre que possível e durante o maior período de tempo possível. Este processo de amamentação transforma a glândula mamária, reduzindo a sua densidade e isso é benéfico na redução do risco de cancro.
Por outro lado, a deteção precoce pode também ajudar a salvar vidas. Aderir aos programa de rastreio existente em Portugal, pensados para todas as mulheres entre os 45 anos e os 74 anos, e se necessário começar a ter acompanhamento médico.

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