“O que estamos a tentar é criar um programa sério e urgente para unificar as estruturas que atuam na sociedade e garantir que trabalhem de forma articulada na saúde mental em Cabo Verde”, afirmou Jorge Figueiredo, durante a sessão de abril do parlamento cabo-verdiano, que decorre até sexta-feira.
O ministro disse que o país “precisa parar, refletir e decidir” sobre estratégias profundas para lidar com os problemas de saúde mental, que têm causado alterações psicológicas nas pessoas.
“A saúde mental é cada vez mais o maior problema de saúde pública no país e, provavelmente, no mundo. A questão do emprego e a procura por novos horizontes para resolver os problemas sociais e económicos estão a gerar um conjunto de perturbações”, afirmou.
Jorge Figueiredo lembrou que 2024 foi declarado o ano da saúde mental, o que gerou várias discussões, programas e contradições sobre o tema.
“Nunca se falou tanto sobre saúde mental quanto em 2024. Mas agora, o que é preciso é dar continuidade a essas discussões. Estamos a organizar e já temos várias estruturas que lidam com estas questões”, afirmou.
O ministro destacou que várias iniciativas, algumas privadas, estão em curso para responder a problemas como o uso de drogas e álcool, mas que estas ainda estão “pouco articuladas”.
“Esperamos, em breve, integrar os políticos, as famílias e mudar a mentalidade da sociedade sobre estas questões”, afirmou.
Reconheceu ainda o aumento de casos de alterações de comportamento, incluindo suicídios, resultantes da complexidade da sociedade, da insegurança quanto ao futuro e de várias situações que afetam o comportamento.
Em dezembro de 2024, Jacob Vicente, responsável pelo único Centro de Atendimento Psicológico na Praia, alertou para a grave falta de profissionais e recursos na área da saúde mental em Cabo Verde.
Segundo Vicente, apenas três psiquiatras atendem todo o país, com algumas cidades a depender de médicos cubanos, o que é insuficiente.
“O ano da saúde mental foi anunciado, mas até agora nada concreto foi feito”, lamentou então, apontando que o Governo ainda não implementou políticas públicas eficazes para combater esta situação.
Em 2024, o centro atendeu mais de duas mil pessoas de todos os 22 municípios e registou um aumento significativo nos casos de depressão, ansiedade, transtorno bipolar e ‘burnout’, afirmou.