O verão chegou em força. A primeira semana de julho foi a mais quente de sempre desde que há registos, segundo a Organização Meteorológica Mundial. Se devido às temperaturas altas do verão do ano passado morreram quase 62 mil pessoas na Europa e duas mil em Portugal, este ano teme-se, de novo, pelos mais frágeis. De acordo com o diretor de serviços climáticos da mesma entidade, Christopher Hewitt, estamos a entrar em território desconhecido e podemos esperar mesmo que mais recordes sejam batidos à medida que o fenómeno El Niño se desenvolve. O especialista estima que os impactos do El Niño possam estender-se até 2024.
As temperaturas altas estão para ficar e, após um ano inteiro de trabalho, os portugueses sonham com as merecidas férias. Contudo, para muitos isso não passa de uma miragem. O orçamento familiar não permite ir a banhos ou viajar. Há, pelo menos, 10% dos portugueses que não podem ter uma semana de férias fora de casa, segundo o recente relatório Portugal, Balanço Social 2022.
As filas de automóveis a que assistimos, por exemplo entre Lisboa e Costa de Caparica ou entre Lisboa e a Ericeira, são cada vez maiores e evidenciam as contrariedades de muitos que optam por ir e voltar da praia no mesmo dia por não terem dinheiro suficiente para dormir fora. Com os preços dos hotéis em alta, por pressão do turismo, as famílias têm ainda maiores dificuldades em gozar o verão no seu pleno. Provavelmente o número real irá muito além dos 10% que o estudo conseguiu apurar. Mas, também neste aspeto, há uma pobreza envergonhada em Portugal e que omite informação como esta.
Na Europa há mais de 35 milhões de cidadãos sem dinheiro para gozar férias, segundo dados do Eurostat e da Confederação Europeia de Sindicatos (CES). A Grécia é o país que apresenta a pior situação, seguida da Roménia, Croácia, Chipre e Eslováquia. No outro extremo, com a carteira bem recheada, estão a Finlândia, seguida do Luxemburgo, Dinamarca e Suécia.
Há que procurar alternativas à medida da carteira de cada um. Ir para fora cá dentro pode ser uma opção, escolher o interior em vez do litoral pode sair mais barato e o velho campismo volta a ter mais procura. Os mais remediados fazem camping, os mais endinheirados fazem glamping. Aproveite como puder e respire fundo, antes que chegue a conta dos livros escolares para pagar!
Rosália Amorim
Diretora do Diário de Notícias