Pedro Nuno Santos voltou ao Parlamento na mesma semana em que sai o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP. Ontem, houve quem apelidasse o retorno ao hemiciclo de “regresso superstar”, pela irreverência que Pedro Nuno encerra em si mesmo e pela forma como se tem posicionado como o sucessor mais provável de António Costa à frente do Partido Socialista.
Quando Alexandra Leitão e Marta Temido saíram do governo e regressaram ao Parlamento não houve o mesmo frenesim. Com Pedro Nuno, o barulho de fundo é sempre diferente. Afirmou ontem não ser candidato a nada e ser “mais um” deputado entre 230. Mas todos sabem que não é bem assim. O ex-ministro das Infraestruturas tem todos os holofotes virados para si. E os holofotes iluminarão com ainda mais força quando se conhecerem as conclusões da CPI.
Se a presença de Pedro Nuno Santos no Parlamento pode dar jeito ao PS, ao criticar a direita e unir a esquerda, por outro lado vai ser um alvo de toda a oposição.
O ex-ministro pediu a suspensão do mandato em dezembro, portanto esteve cerca de um semestre fora da casa da democracia. No regresso, veremos se e como vai votar as conclusões do relatório da CPI e de que modo o resultado dessa Comissão pode beliscar, ainda mais, a imagem do ex-ministro.
Dentro do PS, muitos temem o renascer de Pedro Nuno, qual fénix! Ao longo dos últimos meses, assistimos à sua capacidade de renascer e de se reinventar na CPI e na Comissão de Economia à TAP. É um político com muita e fluente retórica e jogo de cintura suficiente para enfrentar mesmo os mais críticos.
Por outro lado, a sua presença no Parlamento pode até dar um certo jeito ao PS sempre que atacar a direita e agregar a esquerda, o que é expectável. Contudo, Pedro Nuno será também um alvo fácil por parte de toda a oposição. Esta tenderá a usá-lo como arma de arremesso contra o PS.
Amado por uns e odiado por outros, uma coisa é certa: Pedro Nuno não será “mais um” deputado entre 230.
Rosália Amorim
Diretora do Diário de Notícias