Estes recados foram transmitidos por Augusto Santos Silva no discurso que proferiu no jantar do segundo dia das Jornadas Parlamentares do PS, que terminam na terça-feira, no Funchal.
Sem se referir a casos políticos em concreto, o ex-ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros começou por advogar, perante os deputados socialistas, a seguinte linha de demarcação: “Onde uns querem reduzir a política à espuma dos dias e aos casos anedóticos, o PS deve forcar-se nas prioridades”.
“O PS tem de ter claras essas prioridades e ter espírito reformista”, frisou.
Augusto Santos Silva afirmou depois que o PS “deve defender o interesse geral” e “não pode ter medo das resistências particulares que as transformações sempre suscitam”.
“Não deve confundir o interesse geral com o interesse de cada grupo particular, ou cada corporação, qualquer que seja a aparente força desse grupo ou dessa corporação”, advertiu, embora sem mencionar nenhum setor social em concreto.
Para o presidente da Assembleia da República, o Governo e o PS devem seguir “uma lógica de continuidade” ao nível da sua ação política. E justificou:
“As transformações que o país já conheceu resultam da continuidade das políticas. E as prioridades que o país necessita que sejam enfrentadas exigem essa continuidade das políticas. Podem outros falar nos dramas reais ou inventados, nos percalços reais ou inventados, do quotidiano da política nacional. O PS deve focar-se nessa que é uma vantagem essencial do país e da democracia política”, defendeu.
Na parte final do seu discurso, tal como antes já tinha feito o líder da bancada socialista, Eurico Brilhante Dias, Augusto Santos Silva defendeu a tese de que o PS “é o garante fundamental da estabilidade política” em Portugal.
“Nas transformações que o PS está a sentir e já sentiu, o PS não tem nenhuma espécie de exclusividade. Nós temos feito um caminho com outros grupos e com outras forças. Temos feito caminho, sobretudo, com os parceiros sociais e com o terceiro setor”, apontou.
Porém, para Augusto Santos Silva, o PS deve reivindicar que “tem sido indispensável para essas políticas”.
“E é indispensável para a concretização das prioridades das políticas públicas portuguesas”, disse.
No seu discurso, elogiou medidas do Governo para a valorização dos salários, rejeitou medidas de redução da fiscalidade sem qualquer tipo de condicionalidade – entenda-se IRC – e defendeu em contraponto desagravamentos fiscais para proteger jovens famílias, para proteger a entrada no mercado de emprego e beneficiar empresas que contribuam para o crescimento.
Augusto Santos Silva pediu também empenho na resolução da crise na habitação, embora sem especificar medidas e apenas referindo a defesa daqueles que se encontram hoje prejudicados pela especulação existente no mercado imobiliário.
Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.