
Na noite de terça-feira para a madrugada desta quarta-feira, foram registadas 33 mil descargas elétricas atmosféricas, resultado de cerca de 23 mil raios, associados à aproximação e passagem de uma depressão frontal. A intensidade da chuva e da trovoada apanhou cidadãos nacionais de surpresa, principalmente na zona da Grande Lisboa (e que se dirige, agora, “para nordeste”, para Setúbal, Santarém e Évora).
Rui Salgado, físico meteorologista da Universidade de Évora, indicou, à SIC Notícias, que o “fenómeno não é particularmente raro” e que “ocorre com frequência nesta altura do ano”, sendo que está “associado a uma depressão que está um pouco mais a norte da península”.
O docente aponta a grande quantidade de descargas elétricas, “cerca de 30 mil”, mas lembra que a maior parte foram entre as nuvens (e não dirigidas ao solo). Apenas 6 mil terão atingido a superfície.
Vítor Prior, diretor do departamento de meteorologia do IPMA, admite, à mesma estação, que este é um dos “mais espetaculares fenómenos” de som e luz, mas “também muito perigoso”. Em linha com Rui Salgado, o especialista indica que “2/3 dos milhares de raios foram entre as nuvens ou dentro da própria nuvem”.
Ainda que revestido de grande perigosidade, Vítor Prior indica que o “fenómeno das trovoadas é tão importante como a chuva”, uma vez que permite a libertação das cargas positivas e negativas. “A terra explodiria”, esclarece. Ainda assim, relembra a “2 a 4 mil pessoas que morrem com raios no mundo”, alertando para medidas de precaução.
O especialista do IPMA é perentório num ponto: as alterações climáticas notam-se na periodicidade e/ou intensidade deste tipo de fenómenos. “Acompanhamos o registo dos raios e das trovoadas, aquilo que se vê é que acontece cada vez mais com a subida da temperatura do planeta”, indica. “Estes episódios são cada vez mais extensos e poderão vir a ser mais frequentes.”
É possível prever onde vai cair um raio?
A resposta é simples: não. Rui Salgado explica que é possível “prever a probabilidade de ocorrências de descargas elétricas”, mas não é possível prever onde vai cair um raio.
Desde junho de 2002, o IPMA opera uma rede de deteção de descargas elétricas atmosféricas. A rede conta com quatro detetores: em Braga, Castelo Branco, Alverca e Olhão, que medem a intensidade e a orientação das variações do campo eletromagnético geradas pelos raios.
Os dados registados pelo detetores são enviados em tempo real para um centro de processamento, que determina o momento e local exato de onde ocorreu o raio – mas só depois de este ter ocorrido.
Milhares de raios numa só noite
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) registou entre as 20h00 de terça-feira e as 8h00 de hoje cerca de 23 mil raios, associados à aproximação e passagem de uma depressão frontal.
A contabilização é feita a partir da rede de deteção e localização de descargas elétricas atmosféricas do IPMA em Portugal Continental, instalados em Viana do Castelo, Bragança, Castelo Branco, Santa Cruz e Olhão, adiantou à Lusa fonte do Instituto.
O IPMA emitiu para hoje avisos amarelos por causa da trovoada para todos os distritos de Portugal continental, com exceção do de Bragança.
Portugal continental está a ser afetado por uma superfície frontal fria de atividade moderada a forte, provocando chuva, trovoadas e vento, de acordo com o IPMA, que colocou o território com avisos devido à chuva forte, sobretudo para hoje.
Fonte : Notícias ao Minuto

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