• Setembro 30, 2025
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Guterres alerta que IA “pode ser transformada” em arma e pede controlo

Num debate de alto nível do Conselho de Segurança da ONU focado na IA, Guterres admitiu que a questão neste momento já não é se a IA influenciará a paz e a segurança internacionais, mas sim como será moldada essa influência.

Se utilizada de forma responsável, a IA pode reforçar a prevenção e a proteção, disse Guterres, dando como exemplo a antecipação da insegurança alimentar e a deslocação; apoio à desminagem; ajuda à identificação potenciais surtos de violência, entre outros.

“Mas, sem barreiras, também pode ser transformada numa arma. Os conflitos recentes tornaram-se campos de testes para a segmentação e autonomia com a IA”, afirmou.

O líder das Nações Unidas lembrou que os ciberataques com IA podem interromper ou destruir infraestruturas críticas em poucos minutos, e que a capacidade de fabricar e manipular áudio e vídeo através de IA “ameaça a integridade da informação, alimenta a polarização e pode desencadear crises diplomáticas”.

“A inovação deve servir a humanidade — não miná-la”, insistiu o antigo primeiro-ministro português.

No mês passado, a Assembleia-Geral da ONU estabeleceu um Painel Científico Internacional Independente sobre Inteligência Artificial e um Diálogo Global anual sobre a Governação sobre o tema.

De acordo com o secretário-geral, este é um reconhecimento do poder de convocação único da ONU e, em conjunto, estas iniciativas visam conectar ciência, política e prática.

“Em breve, lançarei um edital aberto para nomeações para o Painel Científico. Exorto todos os Estados-membros a nomearem peritos eminentes e diversificados e a apoiarem a perícia, a independência e o equilíbrio regional do Painel”, instou.

“Apelo também aos Governos e às partes interessadas para que se envolvam plenamente no Diálogo Global e formulem normas globais inclusivas e baseadas nos direitos humanos”, acrescentou.

Ainda face à questão da IA, o antigo primeiro-ministro português apontou quatro prioridades, começando pela garantia do controlo humano sobre o uso da força.

“Sejamos claros: o destino da humanidade não pode ser deixado a cargo de um algoritmo. Os humanos devem sempre manter a autoridade sobre as decisões de vida ou de morte”, frisou.

Nesse sentido, António Guterres reiterou o seu apelo à proibição de sistemas de armas autónomas letais que operem sem controlo humano.

Em segundo lugar, Guterres apelou à construção de quadros regulamentares globais e coerentes, frisando que desde a conceção até à implantação e ao desmantelamento, os sistemas de IA devem cumprir sempre o direito internacional.

“Os usos militares devem ser claramente regulamentados: através de revisões legais, responsabilização humana e fortes salvaguardas contra o uso indevido”, insistiu.

Em terceiro lugar, o secretário-geral apelou à proteção da integridade da informação em situações de conflito e insegurança.

O líder da ONU defendeu que os Governos, as plataformas, os meios de comunicação social e a sociedade civil devem cooperar para detetar e impedir a falsidade gerada pela IA — desde campanhas de desinformação a ‘deepfakes’ que afetam processos de paz, acesso humanitário e eleições.

“Precisamos de transparência em todo o ciclo de vida da IA, de atribuição rápida e verificada das fontes de informação e da sua divulgação, e salvaguardas sistémicas para impedir que os sistemas de IA espalhem desinformação e incitem à violência”, reforçou.

Por último, Guterres apontou para a necessidade de colmatar a lacuna de capacidade da IA, sublinhando que a tecnologia pode acelerar o desenvolvimento sustentável, promover a estabilidade e a paz.

Defendeu ainda que todas as nações devem poder contribuir para o futuro da IA.

O chefe de Estado da Coreia do Sul, Lee Jae Myung, presidiu ao debate, no qual também participa o Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.

O debate concentra-se nas implicações da IA para a paz e a segurança internacionais.

Um dos principais objetivos do evento é incentivar a discussão sobre a mitigação dos riscos e a maximização dos benefícios da IA no contexto da paz e da segurança internacionais, considerando também o papel do Conselho de Segurança nesse processo.

Outro objetivo é convidar os Estados-membros a partilhar as melhores práticas de uso da IA, inclusive em relação a aplicações militares.

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