Abre a porta do quarto, sobe a persiana e, por breves instantes, troca meia dúzia de palavras com a filha depois de beijar o pote onde estão as suas cinzas. Este é o ritual diário de Telma Nascimento, que há praticamente um ano perdeu a filha, Joana Nascimento. A jovem, de 26 anos, foi esfaqueada no pescoço pelo ex-namorado à porta de casa, em Lagoa, e acabou por morrer uma semana depois no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
“Ela sabia que eu e o pai nunca iríamos aceitar aquela relação. Fiquei incrédula quando soube que ela tinha este relacionamento”, referiu Telma
A trabalhar numa creche em Armação de Pera, Joana viveu um relacionamento com Tiago Souto marcado pelos ciúmes e controlo. “Não podia meter um ‘gosto’ na fotografia de um amigo que ele começava logo a fazer filmes. Ele era obcecado pela Joana”, afirma Beatriz Gonçalves, amiga da jovem.
Depois da agressão, a jovem foi levada para o Hospital de Portimão, onde teve alta horas depois. Os pais não se conformam com o atendimento à filha e ponderam avançar com uma queixa-crime contra a unidade hospitalar. Segundo Telma, “uma pessoa que leva duas facadas no pescoço, não deve ir para casa como ela foi. Houve negligência muito grande”. O julgamento de Tiago Souto no Tribunal de Portimão durou apenas um mês e terminou com uma condenação de 8 anos e 6 meses de cadeia e pagamento de 5 mil euros à família.
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