E se só contasse o selo nacional? Benfica campeão, FC Porto caía a pique

Ausência de portugueses no ataque dos dragões ditaria uma queda gritante numa classificação elaborada apenas com marcadores nacionais. Sporting lutaria pelo título com o Benfica, que se manteria como campeão português.
Desporto 5

O FC Porto perdeu a hipótese de revalidar o título de campeão nacional, ao ver o rival Benfica festejar o 38.º campeonato da sua história, no passado sábado, mas a história até poderia ser bem pior, se apenas fossem contabilizados os marcadores portugueses na presente edição da I Liga.

Numa classificação de selo totalmente nacional em que os autogolos não foram contabilizados, disponibilizada pelo Transfermarkt, o Benfica seria igualmente campeão, o Sporting subia à vice-liderança e o FC Porto… sairia do top5.

Entre leões e dragões, destacar-se-iam Sporting de Braga, Estoril e Vitória SC, numa tabela em que a luta pela manutenção seria radicalmente diferente, ao ponto de o europeu Arouca ocupar a antepenúltima posição. Gil Vicente e Portimonense foram as equipas que menos pontos fizeram com gritos de golo português e, por isso, desceriam diretamente à II Liga.

 

Clube Pontos Vitórias Empates Derrotas Golos marcados Golos sofridos Posição real
Benfica 85 26 7 1 50 8 1.º
Sporting 79 23 10 1 46 6 4.º
Sp. Braga 74 22 8 4 41 7 3.º
Estoril 50 12 14 8 17 13 14.º
Vitória SC 49 10 19 5 13 12 6.º
FC Porto 45 8 21 5 10 7 2.º
Vizela 43 9 16 9 11 14 11.º
Marítimo 42 8 18 8 13 18 16.º
Boavista 37 6 19 9 13 18 9.º
Paços de Ferreira 36 7 15 12 7 16 17.º
Famalicão 35 5 20 9 10 16 8.º
Rio Ave 34 7 13 14 13 22 12.º
Desportivo de Chaves 33 5 18 11 7 14 7.º
Casa Pia 27 1 24 9 2 17 10.º
Santa Clara 26 3 17 14 3 22 18.º
Arouca 24 0 25 9 0 14 5.º
Gil Vicente 24 1 21 12 2 17 13.º
Portimonense 23 2 17 15 4 21 15.º

 

Ataque azul e branco sem fulgor nacional

Os números apresentados pelo FC Porto mostram a importância das múltiplas nacionalidades no ataque da equipa de Sérgio Conceição, em detrimento de opções portuguesas que sejam sinónimo de golo. Aliás, Otávio foi o melhor marcador português da equipa e ocupa a quinta posição, atrás de Taremi, Galeno, Evanilson e Toni Martínez. Dos 73 golos marcados, apenas dez tiveram selo de garantia nacional.

O mesmo não se pode dizer de Benfica e Sporting. As águias beneficiaram da capacidade goleadora de Gonçalo Ramos e João Mário, contando ainda com o contributo de Rafa Silva – os três responsáveis por 44 dos 82 golos no campeonato. Já os leões construíram o pódio de melhores marcadores com Pedro Gonçalves, Francisco Trincão e Nuno Santos, com um total de 33 dos 71 remates certeiros registados, numa luta pelo título em que ficariam a apenas dois triunfos do rival e campeão Benfica.

Por tudo isto, e juntando o poder português patente em equipas como Sporting de Braga, Estoril e Vitória SC, o FC Porto acabaria no sexto lugar, em posição de Liga Conferência Europa, demonstrando ter uma ‘dependência’ portuguesa menor por comparação aos rivais.

O caso gritante do europeu Arouca

O Arouca conseguiu regressar às competições europeias e ocupou um surpreendente quinto lugar na derradeira ronda da I Liga, mas a verdade é que construiu todo um caminho de sucesso sem qualquer golo português, entre os 36 que precisou para integrar o top5 do campeonato.

Ainda assim, os arouquenses ocupariam a 16.ª posição, à frente de Gil Vicente e Portimonense, igualmente com lacunas do foro nacional, aos quais se juntam clubes como Casa Pia e Santa Clara.

Toda a conjetura de dados demonstra que houve uma clara diferença entre aqueles que seriam os primeiros três classificados para a restante tabela da I Liga, num campeonato em que a aposta nos talentos portugueses não é assim tão reduzida quanto isso, mas cuja contratação de atletas estrangeiros é considerável.

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